Miricis: por que cada ato do dia a dia é importante

Para mim é um grande prazer compartilhar com vocês a trajetória da Miricis – Negócios e Estilo de Vida. Jornalista de formação há mais de 30 anos e há cinco atuando exclusivamente como consultora e assessora de comunicação, percebo junto aos clientes a necessidade de trazermos à tona temas que nos são caros enquanto fundamentos de vida e, por consequência, dos negócios.

No trabalho de consultoria, é tema corrente e vastamente discutido a incapacidade de muitos e muitas de nós, apesar de reconhecida competência técnica, se sentirem plenamente realizados na carreira ou na vida. Capacitadas, tituladas, algumas vezes bem remuneradas, nos frustramos frente ao universo de possibilidades, acumulando decepções e desempenho muito aquém do esperado ou do potencial que nos é conferido.

O que nos faz questionar: se partimos da premissa de que somos perfeitos, um projeto que veio ao mundo para ser vencedor, como podemos nos perder?

Inicialmente, cabe salientar que o ser humano, o indivíduo, é segundo um modo, segundo um projeto. E se cada indivíduo é único, original, também único e original é o seu projeto. Não há indivíduos iguais, como também não há projetos iguais. E, em sendo assim, não há fórmulas a seguir que nos garantam a felicidade.

Ao escolher em desacordo com o seu projeto de natureza,  a pessoa comete uma sucessão de pequenos erros, que a fazem chegar à frustração, à sensação de incompletude. Por vezes, joga essa  insatisfação na vida profissional, querendo crer que a vida pessoal vai bem; por outras, lança a mediocridade na vida pessoal, julgando-se superior profissionalmente. Esquece-se que é uno, indivisível, e que se falta coerência em uma área, falta ao todo.

A pessoa só percebe que não chegou ao ponto de sucesso justamente porque se sabe maior, mas não afere o resultado dos grandes. A alma quer sempre mais, e se o Eu consciente, aquele que faz o dia a dia, não realiza, o indivíduo perde.

Entre outros fatores, que levam em consideração a atuação da psique humana no aqui e agora, destaca-se a importância do miricismo cotidiano, termo que dá nome a esse Blog, ao perfil no Instagram – @miricisbydanigoulart e a uma série de projetos de criação de conteúdo a partir da perspectiva da identidade do sujeito. O miricismo, que significa molécula e que provém do latim miricis, migalha, nos remete a pequenas partículas singelas que compõem o todo. E justamente por essa singeleza, pela sutilidade com que nos absorve, ele ganha no dia a dia um tamanho macro.

Aqui no Blog e nos outros canais da Dani Goulart, a Miricis nasce com esse objetivo, de ir nos formando a partir desses pequenos textos, pequenos compartilhamentos de vida em que destaco trabalhos de clientes que sabem a relevância que têm para a comunidade em que atuam, em que se aborda como podemos melhorar nossa comunicação e nossa imagem, tudo a partir de um estilo de vida que nos coloque em uma posição de vencedores que naturalmente somos.

Se é das pequenas ocasionalidades que nos determinamos por inteiro, se é das partes que somos uno, cada pequena ação que se faz no cotidiano deve ser sentida, tomada consciência, do quanto funcional e útil é para cada momento da vida. É preciso estar vigilante, em guarda, ser piloto atento que escolhe sempre a melhor rota e a melhor maneira de dirigir. E nesse quesito, a vida privada é sagrada, visto que é dela que emerge o grande poder.

Os hábitos do Eu, como se vive, como se pensa a si mesmo, como se estrutura o dia a dia, são verdadeiras complexidades que, se não forem atentamente geridas, com inteligência e perspicácia, podem se transformar em amarras que diminuem a pessoa. É como uma teia, que vai sendo sutilmente construída, fio a fio, sem que percebamos. Que ao final nos enreda.

Cada gesto, cada ato, cada pensamento gerado hoje impacta no amanhã. Fazer bem as próprias coisas todos os dias é saber que cada ato, cada ação  dá o pressuposto radical de ser. Até mesmo o momento de relax, de distração, pode nos corromper, se nossas escolhas não estão de acordo com a própria eficiência. O tempo livre deve ser controlado em dobro, posto que é na possibilidade de distração, no fazer-se nulo, que traímos a nós mesmos.

São exemplos muito claros e presentes quando se opta por vagar nas redes sociais sem objetivo, por distrair-se com programas televisivos ou por conversar com pessoas que em nada agregam ao intelecto. Um padrão clássico, que dificilmente percebemos, também está nas músicas que se elege ouvir, nos filmes que se escolhe assistir. O sofrimento, a amargura que certas canções e tramas trazem impactam-nos diretamente no decorrer dos dias, sem que saibamos de onde vêm tanta tristeza, tanta nostalgia.

Outro aspecto a ser considerado diz respeito ao ambiente em que vivemos. O quarto, a casa, a organização do espaço no qual vivemos, trabalhamos, alimentamos, banhamos, vestimos, são espelhos do cuidado que se tem consigo. Um ambiente limpo, organizado, promove prazer, aguça nosso senso estético, não exclusivamente na distinção do belo, mas no perceber o dentro com inteligência e prazer dos sentidos, provocando uma relação otimal entre o homem e o espaço que habita.

A não realização acontece exclusivamente pelas convicções do sujeito – na vida não há terceirizações de responsabilidade. Impossível imputar aos outros qualquer dificuldade, qualquer erro, qualquer dissabor.

Enquanto colaboradores da vida, nos percebemos de modo agradável nas mais diversas áreas. Não se  separa a vida executiva, a vida familiar, a vida pessoal, a vida social. Sabe-se que, enquanto sujeito, somos protagonistas. Como tal, nunca mudamos. As circunstâncias é que se modificam, e por isso é necessário agir, utilizar a inteligência de acordo com cada acontecimento, cada oportunidade.

Poder trazer esses conteúdos que valorizam a nossa essência e destacam a relevância do miricismo cotidiano para nossa formação é meu objetivo. Quando compreendemos a importância de todos esses micro momentos, percebemos que se precisamos negociar, o fazemos com exatidão, consideramos o fornecedor ou o cliente, pensamos na maneira como vamos nos apresentar, nos gestos que faremos, no tom de voz que impostamos; se vamos cozinhar, o fazemos com gosto, sabor, estética, dedicado à escolha dos ingredientes, do preparo, considerando aquele momento de forma sublime; se vamos nos vestir, o fazemos com coerência com nosso estilo de vida, com o ambiente aonde vamos, percebemos cada detalhe como importante – a escolha da roupa, do perfume, do sapato, do penteado, do acessório; se estamos com os amigos, é companhia prazerosa, não se perde falando sobre os outros ou tecendo comentários vazios.

Sabemos o que é para nós – e o que não é. Ler-se a cada momento significa estar consigo. Sentir-se, mais do que analisar-se, perceber-se, mais do que procurar explicações, é ato que se deve fazer diuturnamente. O “hoje, como foi?” convém ser dirigido a si mesmo. Foi bom o dia, me realizei, estou como quero, faço o que gosto, onde acertei, onde errei, onde quero estar são perguntas que devem nos tocar se quisermos criar um percurso de valor.

Frente a isso, é claro que vem o questionamento: como saber se estou no caminho certo? Cada um sabe – o ser é fiel a si mesmo, sabe-se se a coisa é bem feita ou não. Se foi bem feita, está-se tranquilo, vive-se em paz com suas escolhas, se sabe grande, sente a plenitude dos resultados, mas opera-se sempre em busca de mais; jamais para, independentemente da idade, do status, da posição social, da conta bancária, do conhecimento já adquirido. Se sabe sempre em essência, e, também, em construção, em mudança contínua, em eterno aprendizado.

É na vida no varejo, no prazer colhido nas pequenas coisas que fazemos no dia a dia, mais do que no atacado dos grandes projetos, que se percebe o quanto se está de acordo com nossa essência – o quanto se está vivendo em autenticidade com o projeto que a vida ofereceu a cada um de nós ou o quanto está se sabotando o próprio viver.

Dani Goulart

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